Star Trek #15: Tentativa Frustrada de Instalar um Coin Button
A restauração do arcade Star Trek, da Sega, finalmente estava quase pronta. Porém, como o kit multigame havia sido retirado por problemas técnicos, esse arcade estava sem a função “free game”, que possibilita iniciar um jogo sem ter que usar moedas.
Assim, para iniciar o jogo, é preciso ficar abrindo a porta e acionando manualmente o switch de alimentação de moedas.
Para contornar esse problema, o mais comum é instalar um “botão de fichas” (coin button) na coin door do gabinete, de forma que, do lado de fora, seja possível inserir créditos.
O objetivo era evitar furar a porta, por isso, com a ajuda do Paulo, optamos por instalar um botão interno que pudesse ser acionado pela haste metálica utilizada para auxiliar a entrada de moedas.
A solução ficou muito bem-feita e ficamos particularmente orgulhosos de construir este dispositivo sem furar a coin door:
No entanto, não conseguimos fazer o dispositivo funcionar. Cheguei a gravar este vídeo e enviar para o Daniel, o técnico que me ajuda com as PCBs dos arcades, para entender o que poderia estar acontecendo:
Por fim, ao conversar com o Matt, entendemos que o arcade Star Trek possui um dispositivo de segurança: ele busca por um acionamento do switch por um tempo exato em milissegundos, suficiente para permitir a passagem de uma moeda.
Ou seja, seria muito difícil conseguir simular isso através do acionamento de um botão, o que explicava também por que, em alguns acionamentos manuais do switch de fichas, ele não inseria créditos. No vídeo anterior, eu fiz 3 acionamentos, e o primeiro deles falhou.
A alternativa sugerida foi tentar instalar uma conexão direta no service switch do gabinete. Esta chave geralmente fica próxima à porta e ao controle de volume, e serve justamente para colocar fichas. É bem comum encontrar esse switch em alguns arcades da Atari, como o Black Widow.
Possivelmente pelo fato de este Star Trek ser uma conversão do Asteroids, não trazia um service switch instalado em seu chicote original. Então, fomos investigar quais seriam as conexões reservadas para isso diretamente no cartão de conexão, ou extension board, que conecta o chicote à cage:
Conforme já havíamos percebido durante toda a restauração, nada nesta máquina era simples de fazer, e esse processo não parecia ser diferente. Ao consultar o manual de operações, tive a impressão de que tudo era feito para complicar o máximo possível. Veja este diagrama da extension board:
Neste gráfico, as conexões de um lado da placa são representadas por letras, enquanto as conexões do outro lado são representadas por números. Porém, em vez de desenhar as conexões lado a lado, eles optaram por intercalar um número com uma letra, tornando difícil a contagem de posições.
Mas isso não é tudo: para “evitar confusão” entre letras e números, os projetistas optaram por excluir letras e números que apresentassem similaridade. Desta forma, não existe número “1” ou letra “i”, número “0” ou letra “O”.
Nesse caso, estávamos procurando as conexões do service switch indicadas, no diagrama, pela letra S e pelo número 15:
- o número 15, pela contagem, seria a 14ª posição;
- a letra S, pela contagem, em vez da 19ª, ocuparia a 15ª posição;
- para complicar ainda mais, o diagrama mostra 38 posições de conexão em vez de 44, como seria esperado para uma “44-pin extension board”.
Eu tentava entender tudo isso no meio da operação, comparando cores dos cabos conforme indicado no diagrama para tentar supor quais seriam os terminais corretos para a ligação do switch. Cheguei à conclusão de que uma das posições para ligação seria esta:
Ao conectar um cabo provisoriamente, tive o seguinte resultado, assustador:
Entretanto, acabei detectando que, com as mexidas no chicote, o flat cable que conecta a X-Y Timing com a X-Y Control Board estava solto.
Após ajuste, e ao realizar novos testes, não conseguimos, mesmo fechando a conexão nas posições 15 e S da extension board, inserir um crédito com sucesso.
Com medo de acabar estragando alguma coisa nesta máquina tão temperamental, resolvemos desistir da instalação. Esse arcade já havia imposto várias derrotas a nós, e esta seria apenas mais uma. Era melhor deixar assim enquanto ainda funcionava.
Computers make excellent and efficient servants, but I have no wish to serve under them” – Spock.
Ainda, em livre tradução, uma frase do Matt, da Vector Vault Arcade Repair: “É um milagre que estas coisas ainda estejam funcionando após 50 anos”.
Ele não poderia estar mais correto.
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Post Introdutório: Star Trek em um Gabinete de Asteroids?, 01 – Chegada: Um Bicho Completamente Novo, 02 – Diagnosticando Problemas no Monitor Electrohome G08-003, 03 – Revisão e Regulagem do Power Brick, 04 – Monitor G08 – Desmontando e Entendendo o Demônio, 05 – Monitor G08 – Primeira Tentativa de Reparo, 06 – Desmontagem do Monitor e da Boardset para Multigame, 07 – Desmontagem do Gabinete, 08 – Restauração Completa do Gabinete, 09 – O Desafio da Remontagem 1 Conjunto de Força, 10 – O Desafio da Remontagem 2: Cage + Boardset + Multigame, 11 – O Desafio da Remontagem 3: Monitor e Segunda Tentativa, 12 – Desconversão do Multigame e Terceira Tentativa, 13 – Monitor Vetorial G08 – Finalmente, Funcionando e 14 – Painel de Controle e Moldura do Monitor.
O próximo post é o 16 – Final: Restauração Completa.