Missile Command #6: Zincagem e Restauração do Conjunto de Força
Explicando Power Brick e Big Blue
O conjunto de força de arcades antigos, especialmente da Atari, é formado por uma série de componentes, a começar pelo power brick, conjunto que vem com o transformador principal e é facilmente localizado na parte de baixo dos gabinetes.
O motivo de ser chamado assim é justamente seu tamanho e peso. Trata-se de uma fonte de força analógica que contém em uma chapa, além do transformador, o conjunto retificador que converte a corrente alternada (AC) em contínua (DC).
Ele possui todas as conexões para entrada de energia e switch on/off, além do enorme capacitor, bastante famoso, que é comumente chamado de “Big Blue” – nome que tem origem no fato de que muitos desses capacitores eram, ou ainda são, fabricados na cor azul. Porém ele pode ter várias cores, e preto é uma das mais comuns.
O Big Blue possui uma capacidade de 27.000 µF e 25v. Sua falha é considerada como um dos principais problemas que afetam, invariavelmente, 100% dos arcades antigos, pelo desgaste natural do componente.
A função deste capacitor é estabilizar a flutuação de tensão que ocorre na conversão de AC para DC. A falha parcial dele ocasiona inúmeros erros de imagem nos jogos, o que frequentemente é confundido com um problema de monitor. É realmente incrível o que a flutuação de tensão pode causar – imagem trêmula, rolagem de tela, complicações para ligar o jogo, ocasionais resets, entre outros.
Geralmente, a chapa metálica na qual esses componentes são fixados é acometida por problemas de corrosão. Por este motivo, um dos passos da restauração é desmontar todo o conjunto e submetê-lo a um processo de zincagem. Ao fazer isso, aproveitei para incluir mais algumas peças metálicas que eu desejava recuperar.
Ao preparar a chapa para a zincagem, todos os componentes são desmontados, e o processo de montagem precisa ser bastante cuidadoso para garantir que tudo esteja em seu devido lugar e nenhum cabo seja trocado de posição.
Após fazer isso e conferir todo o funcionamento, o próximo passo é substituir o Big Blue por um capacitor novinho:
Além disso, o cabo de energia deste Missile Command estava com uma emenda, algo que não é aceitável para o condutor principal de força. Comprei um cabo original Atari novo, com o conector molex específico para este tipo de tijolo, e mantive o grampo original que faz a fixação do cabo na chapa metálica presa ao gabinete.
O grampo plástico é um tanto quanto “tricky” de lidar… no início é bastante difícil entender que parte deve ser aberta, como tirar e reinserir. Já vi algumas pessoas eliminando-o por esse motivo. Porém ele faz parte da originalidade e é mais um daqueles toques caprichosos bastante típicos da qualidade dos componentes de arcade produzidos na Era de Ouro dos Videogames.
Em seguida, instalei um switch on/off de 4 polos e o conectei ao circuito de força. Essa era outra peça que estava faltando em meu arcade – ao ligar o cabo de força, o jogo automaticamente iniciava. Portanto, este foi mais um passo a caminho de restaurar a originalidade.
Como bônus, o processo de zincagem trouxe à vida outras peças importantes do gabinete, entre elas, esta bela gaveta que guarda as moedas.
A Placa Reguladora de Áudio
O famoso Atari Audio Regulator foi fabricado em três versões principais e diversas variações secundárias. Ele compõe o conjunto de força, pois recebe a corrente DC, faz a dissipação de calor e distribui a corrente para todos os componentes, conjuntos de placa-mãe e monitores.
O Missile Command utiliza uma placa reguladora versão 2, chamada de A/R II. Uma das famosas funções que esta placa possui é o circuito de detecção de resistência, o Sense Circuit. Ele basicamente regula a voltagem entregue em sua saída para compensar a resistência da oxidação dos componentes. É de uma engenharia fantástica e a explicação completa exigiria pelo menos um post inteiro apenas para isso.
Como esta placa reguladora do Missile Command se encontra em excelente estado, realmente impecável, eu optei por não proceder com nenhum reparo. Os capacitores dela acusam já terem sido trocados, e não percebi nenhum problema de funcionamento. Apenas reinstalei utilizando uma espuma não inflamável por trás, para evitar qualquer contato com a chapa metálica que faz a fixação dos pés do Cocktail.
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: 00 – Post Introdutório: A Única Forma de Jogar, 01 – A Chegada do Modelo Cocktail, 02 – Trackball: Um Controle Muito Especial, 03 – Multigame + High Score Save, 04 – Desmontagem Completa da Eletrônica e 05 – Restauração Completa do Gabinete.
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Comentário Teste by Samuel
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