Black Widow #15: Repinando o Cabo do Monitor WG6100
Embora eu tenha conseguido colocar o monitor color vector WG6100 do arcade Black Widow para funcionar, ainda havia uma tarefa a ser resolvida: o conserto do chicote original do monitor, que apresentava falta de pressão em um dos pinos.
O arcade estava funcionando desta forma, com o cabo extensor (azul) sendo utilizado provisoriamente como parte do chicote principal:
Quando detectamos perda de pressão em um dos pinos, o melhor a ser feito é a substituição de todos eles, em um processo que chamamos de repinagem. É a única forma de assegurar que todos estarão com a qualidade adequada para evitar problemas futuros.
Eu já tinha ganhado experiência repinando os conectores de borda (edge connectors) do meu Missile Command e, portanto, possuía as ferramentas adequadas. Porém, apesar de o chicote do monitor ser do mesmo padrão (Molex), o tipo de estojo e os pinos são completamente diferentes daqueles aplicados no modelo que liga aos edge connectors.
Desta forma, eu encomendei um novo conjunto de pinos e estojos padrão Molex, bem como uma ferramenta rara, o extrator de pinos – Molex Extraction Tool. Esta ferramenta deixou de ser fabricada, e por este motivo é valorizada no mercado. Ela é importante para extrair os pinos dos estojos originais a fim de realizar um corte, aproveitando melhor o cabo. Ou, ainda, em caso de colocação de um novo pino na posição errada, a extração permite realocá-lo para a posição certa.
Um detalhe importante a ser observado é que, olhando sob o mesmo ângulo, as terminações fêmea e macho dos cabos são espelhadas. Isso é feito para padronizar as conexões e ter sempre o mesmo encaixe em todos os conectores fêmea, seguindo a referência daquele que é fixado na entrada da placa de deflexão. Este detalhe exige atenção na hora da montagem do chicote, pois a troca de um cabo pode ser catastrófica ao sensível monitor.
Outro detalhe que levei em conta durante o processo de repinagem é que os fios amarelo e laranja do meu cabo do monitor estavam trocados de posição (talvez tenham vindo de fábrica desta forma). Eles são os terminais responsáveis pelos sinais X e Y do monitor. Como foram invertidos nas duas pontas do chicote, a imagem não sofreu nenhuma alteração de eixo. Porém, eu aproveitei para consertar este detalhe.
Nesta foto, é possível comparar a posição do cabo amarelo no estojo em relação ao indicado no diagrama técnico.
A extração dos pinos Molex com o extrator funcionou razoavelmente, mas não foi perfeita. É preciso fazer bastante força para a ação da ferramenta, e alguns cabos tiveram que ser cortados, sem obter sucesso na retirada dos estojos.
Antes de partir para o trabalho de crimpagem no chicote, eu realizei alguns testes externos para me familiarizar com a posição correta do plug no alicate de crimpagem. O resultado, a meu ver, ficou bastante satisfatório, mas ainda um pouco longe da perfeição.
Claramente, em alguns pinos, a crimpagem não fechava por completo sobre a malha metálica.
Eu demorei a descobrir o motivo de tal dificuldade na crimpagem. Mas, alguns meses após concluir o reparo, encontrei, nos Estados Unidos, um alicate crimpador adequado para este tipo de plug. Na primeira foto da galeria abaixo, é possível perceber que os dentes do alicate à direita possuem um vão maior, que possibilita dobrar todo o pino. E, na segunda foto, eu posicionei a ferramenta americana à frente, onde se nota o vão de abertura mais largo.
Até então, eu não tinha acesso a esta ferramenta, mas mesmo assim prossegui com o maior cuidado possível. Qualquer falha na montagem deste cabo poderia danificar o monitor, que estava 100% revisado e funcionando.
Por algum motivo, a crimpagem dos pinos macho foi um pouco mais difícil. Porém, o mais importante, além de certificar que os fios estão completamente presos, é fazer um teste de continuidade para ter certeza de que a condução elétrica está perfeita de um lado ao outro:
Finalmente, chicote repinado:
O chicote reparado foi inserido novamente no Black Widow, no lugar do cabo extensor provisório. É possível perceber claramente a diferença de cores entre os estojos antigos, amarelados pelo tempo, e os estojos novos.
O teste definitivo foi realizado – chicote 100% funcional, ordem dos cabos laranja e amarelo ajustada e monitor operando perfeitamente. Mais uma missão cumprida:
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Post Introdutório: Arcades Vetoriais Coloridos, 01 – Uma Conversão a Partir do Gravitar, 02 – Tentativa de Reviver os Vetores Coloridos, 03 – WG6100 Monitor Rebuild: Um Desafio Gigante, 04 – Monitor Extraviado e a Dificuldade de Conseguir Outro, 05 – AVG Chip: O Componente que Vai Falhar, 06 – WG6100: O Desafio de Montar um Novo Monitor, 07 – Testando um Arcade Vetorial com Osciloscópio, 08 – A Substituição dos Transistores de Chassis do WG6100, 09 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 1, 10 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 2, 11 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 3, 12 – Como Regular a Imagem de um Monitor Vetorial Colorido, 13 – PCB, Edge Connector e High Score Save com Novos Recursos e 14 – Rebuild do Conjunto de Força.
O próximo post é o 16 – Marquee: Um Ninho de Esquilos.
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