Black Widow #10: O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 2
O post anterior retrata o insucesso da minha tentativa de fazer funcionar o monitor color vector do arcade Black Widow que comprei fora do Brasil e foi reparado pelo técnico Slackmoe.
Durante este período de recebimento e testes, aconteceu de eu finalmente receber de volta o meu monitor WG6100 original, aquele que havia sido reparado por uma empresa especializada, porém no envio ao Brasil acabou extraviado nos correios e foi parar na Coreia. Após retornar aos Estados Unidos, ele foi reparado uma segunda vez e, posteriormente, enviado ao Brasil e recebido.
Na foto abaixo, o monitor do Slackmoe está montado no chassis, enquanto o meu monitor original está à direita, sobre o móvel:
Esta já é uma imagem de causar inveja aos arcade geeks (rs), afinal, retrata um monitor WG6100 sobressalente, algo cada vez mais difícil de ser visto.
Desta vez, logo após a montagem, meu passo a passo iria incluir uma investigação criteriosa do chicote do arcade, para tentar identificar algum ponto de obstrução do sinal, uma suspeita que se intensificava.
Agora com mais tempo para estudar as funções do osciloscópio, eu consegui ajustar o tempo de medição de sinal para que fosse possível enxergar o desenho dos vetores. O vídeo a seguir mostra um teste feito diretamente a partir do sinal da placa-mãe:
Esta é de fato a melhor visualização possível de um vetor em um scope digital. Para conseguir uma reprodução melhor do que esta, é necessário recorrer a um antigo osciloscópio analógico.
Em seguida, parti para um novo ponto de medição, no chicote de saída da PCB. Para isso, é preciso identificar o cabo laranja, que traça o vetor no eixo X (XOUT), e o amarelo, que traça o vetor no eixo Y (YOUT). Como minha ponta de prova não entrava no estreito plug padrão Molex, eu improvisei com este condutor de clips.
A primeira parte do chicote original do Black Widow havia passado no teste. Na sequência passei para uma parte avançada de medição, que envolve maior conhecimento e bastante cuidado – consiste em medir os sinais vetoriais diretamente na placa defletora. Desta forma é possível testar, ao mesmo tempo, a segunda parte do chicote, que conduz o sinal do conector fêmea da placa-mãe até o topo da placa defletora, e também o próprio cabeamento de entrada da deflexão, tudo através deste ponto.
A instalação das pontas de prova exige certo cuidado. Os cabos, de núcleo duro, são resistentes, mas o objetivo é evitar quebrar uma solda e acabar ocasionando mais um ponto de interferência. Os pontos corretos são os seguintes, na ordem: X, terra e Y.
O resultado apresentou um ponto de falha! Havia um colapso no eixo vertical, com apenas o desenho horizontal sendo formado. Somente relembrando que, como o monitor do Black Widow é montado no aspecto horizontal, algumas pessoas chamam este colapso de horizontal (a menor medida está falhando):
Ainda bem que consegui prontamente registrar este defeito, pois o colapso era intermitente. Este vídeo mostra claramente a situação:
Por sorte, eu tinha em mãos o cabo extensor que utilizei algumas vezes para ligar o monitor fora do arcade. Ao substituir o cabo, o problema foi resolvido:
Mediante uma inspeção cuidadosa do chicote extensor original do Black Widow, percebi um dos plugs Molex ligeiramente mais para fora do que os demais.
Este defeito é dificílimo de perceber, por ser um leve deslocamento do pino metálico para fora do case, ocasionado pela fadiga do metal ao longo dos anos. A presilha que segurava o plug no lugar estava enfraquecida:
Após muitos meses, um dos defeitos finalmente estava identificado. Há quanto tempo estaria assim?
A resposta não seria tão simples, era um defeito intermitente e talvez não fosse o único. Porém este cabo passaria tranquilamente por um teste de continuidade no voltímetro, sendo este um dos defeitos mais chatos de se identificar.
How to Bring Up a 6100 Color Vector Monitor
Retomando a Partir da Etapa 5 – Deflexão
Agora finalmente seria possível retomar os passos para fazer o monitor color vector funcionar. As etapas anteriores (1 a 4) eu não precisaria fazer, pois havia acabado de concluir os testes na placa-mãe e a substituição de todos os transistores. Eu apenas fiz rapidamente a verificação da voltagem do circuito de baixa voltagem (LV-2K), prevista na etapa 4, e parti para as tarefas seguintes.
A etapa 5 tem duas fases: primeiro, com a PCB ainda desconectada, é feito o teste de alimentação da deflection board, mantendo conectados todos os cabos, exceto os de alta tensão, incluindo: degaussing coil (já deveria estar ligada desde a etapa 4), os 3 conectores dos transistores de chassis, o conector P701 do yoke, o conector P101 da neck board, e os 3 cabos de aterramento, BLK, BRN e WHT/BLU. É possível também conectar a neck board à HV cage através do conector de 8 pinos, pois a gaiola de alta tensão ainda não está ligada. A neck board, neste momento, é inserida no pescoço do tubo.
Nesta etapa, a deflexão NÃO deve ocorrer, ou seja, sem o recebimento de sinais da placa-mãe, o comportamento esperado é que a luz vermelha do spot killer fique acesa. Esta é uma forma de testar o circuito de proteção antes da entrada dos vetores, portanto o temido comportamento do spot killer é desejável neste caso.
Em seguida, para a parte 2 do teste, deve-se somente desligar o arcade, conectar a PCB e ligá-lo novamente. Agora, a luz do spot killer deve apagar:
Este momento, senhores, foi um dos mais felizes da minha história de colecionador de arcades. Sugiro que levantem o volume e assistam a um dos sons mais bonitos de toda a cultura geek – o som de vetores sendo desenhados, mais conhecido como chatter – indicativo de que a deflexão está acontecendo:
Pelo vídeo, é possível perceber inclusive a mudança no som do chatter conforme as diferentes telas são desenhadas – lembrando que o Black Widow possui 3 telas no modo de atração: logotipo Black Widow, demonstração do jogo e tela de high score.
Nesta etapa, a gaiola de alta tensão ainda está desconectada, portanto o tubo ainda está apagado.
Confira no post seguinte a conclusão desta jornada de testes do WG6100.
Este post é parte de uma série. Os capítulos anteriores são: Post Introdutório: Arcades Vetoriais Coloridos, 01 – Uma Conversão a Partir do Gravitar, 02 – Tentativa de Reviver os Vetores Coloridos, 03 – WG6100 Monitor Rebuild: Um Desafio Gigante, 04 – Monitor Extraviado e a Dificuldade de Conseguir Outro, 05 – AVG Chip: O Componente que Vai Falhar, 06 – WG6100: O Desafio de Montar um Novo Monitor, 07 – Testando um Arcade Vetorial com Osciloscópio, 08 – A Substituição dos Transistores de Chassis do WG6100 e 09 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 1.
O próximo post é o 11 – O Verdadeiro Desafio de Fazer Funcionar um Color Vector – Parte 3.
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