Esta é a minha primeira série de posts de restauração que traz um arcade vetorial. Aqui no Brasil, é muito difícil conversar com alguém que saiba o que é isso sem que eu tenha que explicar a respeito da tecnologia. E não é para menos, pois, além de antiga, é uma tecnologia que foi pouco disseminada no país e existiu somente por um breve período. Por isso, acho que vale a pena entender um pouco mais sobre ela, primeiro sob a ótica de quem também não sabia nada a respeito e se deparava com este jogo fenomenal nos arcades da época, o Asteroids.
Arquivos do Mês: março 2023
Atari Asteroids Arcade: O Poder dos Vetores
Imagine este cenário: estamos chegando à década de 80 e a Era de Bronze (Bronze Age) dos arcades, caracterizada pelos primeiros jogos em preto e branco (como Space Invaders), está terminando. O mundo ainda não sabe, mas está surgindo o período que ficará conhecido como a Era de Ouro (Golden Age) dos arcades.
Naquela época pré-anos 80, mais precisamente em 1977, surge o primeiro videoarcade vetorial, fabricado pela empresa Cinematronics. O jogo é o Space Wars, adaptado do precursor Spacewar!, também vetorial, que foi um game pioneiro, desenvolvido para funcionar em minicomputadores PDP no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Este jogo ancestral, de 1962, estava restrito a laboratórios de informática, sendo o Space Wars, da Cinematronics, o primeiro lançamento comercial acessível ao público.
A Atari, já famosa e com dinheiro em caixa devido ao jogo Pong e ao videogame Atari 2600, que acabara de ser lançado, não demorou a se juntar à nova onda de tecnologia vetorial. Anunciou, em agosto de 1979, o arcade Lunar Lander, primeiro vector da empresa,
Asteroids #1: Modelo Upright com Defeitos Intermitentes
O arcade Asteroids tem um significado muito especial para mim, pois foi o número 1 em minha coleção, neste modelo que é Upright, ou seja, a máquina full-size com o design clássico dos fliperamas. Em 2012, eu ainda não imaginava que seria um colecionador de arcades, apenas adquiri o modelo Asteroids por ser um dos meus jogos preferidos e um verdadeiro clássico da cultura dos fliperamas.
O gabinete desse arcade estava em ótimo estado, com pequenos arranhões e defeitos esperados para um equipamento daquela época. De forma geral, o jogo estava em condição bastante satisfatória, superior à média para esse modelo, que foi um dos mais jogados durante o início da Era de Ouro dos Videogames.
Asteroids #2: Monitor Rebuild
Uma década se passou sem que meu Asteroids fosse consertado apropriadamente. O mau contato e a capacidade limitada de jogar persistiam. Até que, motivado pela história do post sobre os 15 arcades que eu escolheria para montar um game room, voltei a colecionar essas máquinas.
Durante o período que mencionei, desisti de encontrar alguém no Brasil que soubesse fazer a manutenção dos arcades americanos, especialmente com a tecnologia vetorial, completamente desconhecida até mesmo da maior parte dos técnicos remanescentes da época da Taito do Brasil.
Aos poucos, comecei a pesquisar, ler manuais técnicos e aprender os fundamentos principais. Junto com essa pesquisa, fui conhecendo os locais onde é possível comprar peças de eletrônica antiga e separar aquelas que são de boa ou má procedência.
Asteroids #3: A/R-01 – Power Block Rebuild
Quando falamos de arcades vetoriais, é importantíssimo prestar muita atenção ao conjunto de força. Nos modelos mais antigos da Atari, esse conjunto consiste no “Power Block”, formado pelo transformador e pelos componentes que tratam a corrente de entrada, além da placa reguladora de áudio, conhecida como audio regulator.
O componente mais notório do bloco de força é o capacitor chamado “Big Blue”. Para maiores detalhes e uma explicação completa, sugiro que leia meu post sobre o processo de recuperação do conjunto de força do arcade Missile Command, também da Atari.
O Big Blue é tão importante que elaborei uma lista dos principais problemas que podem ser ocasionados pelo seu desgaste:
Asteroids #4: High Score Save, Multigame e PCB Recap
Durante o processo de restore do meu arcade Asteroids, da Atari, eu não poderia deixar passar a oportunidade de ampliar o seu uso. E, para isso, nada melhor que sempre verificar o aftermarket, isto é, peças disponíveis no mercado que não são originais do fabricante. Como de costume, o kit que salva recordes e oferece múltiplos jogos é um upgrade esperado para um arcade como o Asteroids, que foi fabricado em dezenas de milhares de unidades.
Da mesma forma que fiz com o multigame do Missile Command e o do Space Invaders, adquiri kits para o Asteroids. Porém, desta vez fiz o processo em duas etapas.
Etapa 1 – Apenas o High Score SaveO primeiro kit ao qual eu tive acesso foi o obrigatório High Score Save. Trata-se de uma placa auxiliar que realiza um bypass entre o microprocessador e a placa-mãe – a PCB. Ao fazer isto, todos os recordes ficam salvos na memória EPROM do kit, mesmo desligando o arcade da tomada; algo que, principalmente em arcades antigos como o Asteroids, que é de 1979, não ocorre